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Exposição de Arte “Desavessos”Individual de Almira Reuter

Curadoria de Rosangela Miranda Cherem e Eneleo Alcides 

EVENTO ABERTURA EXPOSIÇÃO + SHOW DE JAZZ

DATA: 27/01/24  à partir das 18:30h 

VISITAÇÃO GRATUITA DE  29/01/24 À 30/03/24

Atendimento de terça à sábado das 13 às 18h. Para visitas guiadas ou grupos solicitamos entrar em contato por nosso whatsapp 47 99277-9816, email:contato@galeria33.com ou através do instagram @_galeria33

Esta ação faz parte do Projeto Joinville+Cult Projeto 9906-120405 Incentivado pela FCC/SC através do Mecenato Estadual PIC/SC

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                       DESAVESSOS: A ARTE DE ALMIRA REUTER

 

 

No início eram pinturas, mas logo as pinceladas deram lugar ao trabalho com agulhas e linhas, buscando novos processos e experimentações. Assim, sobre telas perfuradas e esburacadas, ganharam lugar os alinhavos e as maçarocas. Ultrapassando a superfície biplanar, objetos e seres conquistam sua tridimensionalidade, não sem antes passar também pelas capas de estofados e metamorfosear-se em xales, colchas, toalhas e mantas. O ponto comum entre as pinturas e os bordados consiste no colorido expressivo, sendo que em ambos, nada é muito definitivo, tudo parece surpreender. Compondo verdadeiras dramaturgias, tramas e cenas não conhecem hierarquias nem regras, reinos nem geografias.

  

Figuras da religião católica como Santo Antônio, São Cristovão, Santa Rita de Cássia e Nossa Senhora remetem a um distante repertório mnemônico, trazendo vestígios das marchetarias, colagens, esculturas, gravuras, bordados, franjas e toda uma série de ornamentos barrocos, sobretudo de matriz mineira. Mas assim que reconhecemos os fios desta tradição, deslindam-se as cores das embarcações e as reminiscências das redes de pesca do litoral baiano.

 

A artista confidencia: boa parte destas figurações emerge das lembranças de sua infância. Seus trabalhos falam de um mundo que lhe toca de modo muito íntimo, sua própria história e de familiares, antecessores e descendentes.  Do mesmo modo, sua curiosidade pela vida faz ecoar a história e as lides de pessoas que conhece e convive, os imigrantes de Joinville, os desdobramentos de um Brasil escravocrata, os conflitos em Gaza e seus apelos pela paz.  Bonecos que compõem tipos humanos de diferentes etnias e culturas testemunham desde um passado colonial às questões prementes do Oriente Médio, os povos árabes, palestinos e muçulmanos. Tudo aquilo que vive, lê, vivencia e experimenta, Almira processa em obra.

 

Todavia, suas pinturas- bordados/ seus bordados- pintura?  não podem ser alcançados como simples verso ou reverso, anverso ou avesso. A artista nos demanda uma sensibilidade aguçada para reconhecer que na variedade infinita da vida, como na arte, existir é sempre uma maneira de existir entre espaços. Se toda existência pode ser concebida como uma estranha amêndoa, também é possível pensar que seres e coisas existem nas básculas situadas entre o objetivo e o subjetivo, o coletivo e o individual, o repetido e o único, o permanente e o fugidio, o distante e o próximo. Eis a maneira como somos convidados a testemunhar o gesto artístico que instaura existências nos espaços entre linhas e cores, paridas como materialidades colorantes.

 

ROSANGELA CHEREM & ENELEO ALCIDES- janeiro de 2024.

FOTOS DA ABERTURA

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