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Alena Marmo | Céus Meus I, 2020

Alena Marmo | Céus Meus I, 2020

R$ 350,00Preço

céus meus, 2020. Pastel oleoso sobre papel. 21x28,5cm (cada) Foto: Fábio Moreira

Sobre a artista e a exposição

Alena Marmo, que vive entre Schroeder e Joinville, aparece no cenário da arte de Santa Catarina em 2003 quando conquista um prêmio no extinto Salão dos Novos de Joinville. Por influência familiar, o interesse pela arte vem da infância e desemboca em 1997 no bacharelado em pintura, gravura e escultura na Faculdade de Belas Artes de São Paulo, onde cursa o primeiro ano. Ao mudar para Joinville, em 98, entra na licenciatura em educação artística na Univille.

Os estudos seguem com o mestrado em artes visuais com ênfase em história, teoria e crítica de arte na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Hoje ela dá aula e coordena o curso de bacharelado em artes visuais da Univille, integra o conselho consultivo do Museu de Arte de Joinville (MAJ) e é diretora cultural do Museu de Arte Contemporânea Luiz Henrique Schwanke (MAC Schwanke) e membro da Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA)

A docência e pesquisa teórica não relegam a produção artística. Sem realizar exposições, segue criando. “A artista que me habita continuou falando dentro de mim, nunca abandonei totalmente a produção, apenas parei de mostrar.”  Em 2012, faz doutorado em artes visuais na Escola de Comunicação e Artes (ECA), da Universidade de São Paulo (USP). De modo paralelo, atua como curadora independente. Além de pensar Schwanke e Kolb, representações significativas da arte de Santa Catarina, aposta em Daniel Machado. Com Jefferson Kielwagen, idealiza e realiza os projetos Out.Art, Articidade, Intercidades [Intercities] e Exposição Impressa. Fez também edições do Pretexto, iniciativa do Serviço Social do Comércio (Sesc) e do Arte na Cidade. 

EnSIMESMAmentos

Em sintonia com as percepções contemporâneas, a Galeria 33 apresenta em Joinville, a partir de 14 de maio, a produção da artista Alena Marmo, pesquisadora e professora de arte bastante conhecida no campo da academia que, agora, retoma a visibilidade de sua caminhada artística. A exposição “EnSIMESMAmentos”, tem curadoria de Nadja Lamas e reúne cerca de 30 trabalhos produzidos no tempo agudo da pandemia.

As pinturas, gravuras e pastéis, de acordo com a artista, devem ser entendidas como documentos de isolamento social, que refletem uma experiência subjetiva vivenciada no contexto da doença covid-19. “Podem ser entendidos como janelas sensíveis, por meio das quais o público será conectado, em qualquer tempo e espaço, com aqueles momentos do passado, vividos por mim.”

Os entre-lugares

 

Alena usa a experiência curatorial e o conhecimento acadêmico em favor da própria produção. Justo a pandemia potencializa o pensamento e a criação artística propriamente dita. Tempo de recolhimento, período de ajustes intensos na rotina doméstica, pela primeira vez ela reconhece de um outro modo o fato de estar em permanente deslocamento, em curtas viagens entre Schroeder, onde vive, e Joinville, onde trabalha na Univille.

            “Com a pandemia, redescobri e me descobri no meu lugar, reorganizei e resinifiquei os espaços, e passei a ter momentos solitários de contemplação que me preencheram de tempo presente, sensação que eu tinha apenas em momentos de deslocamento, apreciando a paisagem enquanto dirigia da casa para o trabalho, ou do trabalho para casa, momento denominado por mim de “entre-lugares”.

            Para a curadora Nadja Lamas, “EnSIMESmamentos”, que é a busca de dar sentido e significado às circunstâncias (Ortega y Gasset, 2016), leva a pensar sobre o desejo quase ancestral de materializar um instante da natureza e da simplicidade cotidiana, quer contemplada quer oriunda da imaginação. “Ensimesmar é voltar-se para os próprios pensamentos, para o interior de si mesmo, quando é da natureza do humano dispersar de si. Alena olha para o cotidiano e observa o varal, o céu, as copas das árvores, ou ainda para as janelas que limitam o olhar fazendo o recorte do que se encontra do outro lado, e elabora poeticamente o que vê. Olhar que dá forma ao que o pensamento insiste em divagar, em dispersar. Olha para o cotidiano, ao mesmo de todo dia, tira dele a matéria que dá a consistência da sua pintura.”

Para Fernando Sossai, professor de história, os trabalhos desafiam a vertiginosa aceleração da vida contemporânea, marcada pela rotina e acúmulo de acontecimentos com pouca ou nenhuma importância. A vida cotidiana “transborda na e pela arte, assim como uma luta por interromper as ansiedades de um tempo presente seduzido por si mesmo”.  Trata-se, segundo ele, de um questionamento sobre o tempo e o consumo apressado, uma crítica desvelada ao presentismo. “Suas produções reivindicam o contemporâneo tanto como um espaço de experiência quanto um horizonte de expectativa para a fruição da arte”, diz Sossai que compreende as obras de Alena “como objetos artísticos capazes de catalisar experiências cotidianas”.

 

 

 

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