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D.Soncini |Na penumbra| 2020

D.Soncini |Na penumbra| 2020

R$ 3.000,00Preço

Na penumbra| 2020 Acrílica s/tela 50 x 50 cm 

 

Sobre o Artista 

Décio Soncini

Nascido em São Paulo, em 11 de fevereiro de 1953, licenciou-se em desenho e plástica e fez o bacharelado em gravura na Escola de Belas  Artes de São Paulo, com término em 1974. Desde então, tem participado de diversos salões, exposições individuais e coletivas em diversas cidades brasileiras.

Foi integrante do grupo “Guaianazes” formado na década de 70 e que, segundo o critico de arte Olívio Tavares de Araújo, tinha, além de uma preocupação comum de domínio do fazer artístico “... o escopo definido pela figuração persistente, pela matriz expressionista e pelo alto coeficiente de catarse...”.

Nos anos 80, segundo crítica de Enock Sacramento, “o homem é uma presença quase obsessiva em sua obra. As figuras humanas – a maioria das quais feminina – aparecem quase sempre de costas, isoladas, com uma torção de cabeça. Os detalhes são sacrificados em benefício do todo. Os rostos são apenas esboçados, pois Soncini não pinta um homem, mas o homem. Às vezes aparecem casais. Nestes trabalhos, denominados “Evoluções”, o jogo amoroso é ambíguo e o erotismo inexistente.”

Na década de 90, dá inicio à proposta batizada pelo crítico Walter Guerreiro de “o olhar circunvagante”. Partindo do principio de que, conhecendo a sua aldeia você entenderá melhor o mundo, o artista passou a observar e registrar o entorno do seu quintal, na época localizado no bairro da Casa Verde, zona norte da cidade de São Paulo. Desde então, a cada mudança de “quintal”, a série é periodicamente retomada. Atualmente o “quintal” se situa ao lado do bosque do Museu do Ipiranga e, a ação da luz e do tempo sobre os jardins, arvoredos, folhagens e flores passaram a ser os personagens da série.

 

Sobre a Exposição

Modelando o Mundo

 

Luz e sombra emergindo das formas criadas, essa a tônica subjacente ao trabalho de Décio Soncini, que, num momento distante afirmou citando o historiador e crítico de arte italiano Giulio Carlo Argan: “Busco não a coerência das coisas, mas o pensamento que as pensava”. Eis aí a origem primeira, a luz e a sombra que não são aplicadas às formas criando o claro-escuro caravaggesco, elas têm vida própria.

Destarte cada obra é o mesmo desafio, porém diverso, o imponderável à espreita, contudo tem de aceitar a moira do destino, aquele desejo palpitante de voltar a enfrentá-lo, e, como demiurgo modelar o mundo.

Reside aí um paradoxo ao criar seja na pintura ou na gravura ele terá de interpretar uma percepção visual, transpor uma aparição formal que psicologicamente tem vida própria, não um desejo no mundo, mas do mundo. Caravaggesco já que luz e sombra em oposição criam formas e aqui são elas as próprias formas no chiaroscuro, onde as linhas do contorno dessa parceria inusitada originam pelo contraste de tonalidades a cor que emerge do fundo; ali não existe penumbra, não há transições, pois, a luz não é refletida, é própria, surge através das camadas embora Décio não use o óleo para veladuras, é tinta acrílica que domina como poucos e à perfeição.

O mesmo ocorre na calcografia, a gravura em metal, através das ferramentas próprias à incisão, brunidor e raspador, aos meios químicos na água-forte e água-tinta. Como exímio desenhista a ponta-seca é sua extensão natural da mão, em que a forma é a configuração visível do conteúdo, tal como bem a definiu o pintor norte-americano Bem Shahn. Entretanto, seu domínio vai além como fica visível na maneira negra ou meia-tinta, tal como Rembrandt, o brilho nos objetos mais escuros como nas máquinas de costura aparece quando colocados em fundo mais negro pela eliminação das sombras e pela ausência de textura superficial inexistindo detalhes, uma capacidade imaterial dos objetos na essência de suas essências.

Sua atenção se volta a todo e qualquer objeto e como tal pode ser intuído e vivenciado artisticamente, e então poderá ser comunicado a nós outros de uma forma ou de outra. Clement Greenberg, influente crítico de arte norte-americano e porta-voz do modernismo colocou que o valor estético é o do afeto que não é simples emoção, é um veredicto de gosto impossível de ser avaliado, e que Kant compreendia como algo que precedia o prazer, um livre jogo das faculdades mentais.

Esse é seu mundo, e é inesgotável.

Walter de Queiroz Guerreiro, Prof

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