Rogério Negrão Balizador de espessura de chuva| série Caixas Mecânicas
Rogério Negrão
Balizador de espessura de chuva| série Caixas Mecânicas2018 Colagem digital, impressão sobre madeira, vidro, pedra, metal
28 x 35 cm x 7 cm
Edição 02 / 04
Rogério Negrão
Série Caixas Mecânicas | 2018
Montados dentro de caixas de madeira e vidro estão os objetos/ esculturas que dão continuidade à materialização de máquinas imaginárias, assumindo propósitos sensoriais, dispositivos a serviço do pensamento, propulsores de possibilidades. Poderiam ser alterados, poderiam ser manipulados novamente, rearranjados, até se tornarem outro artefato.
As caixas para exibição guardam “seu inexprimível poder secreto de sugestão que reside na permanência e imobilidade de uma borboleta num alfinete”
(F. Fellini).
São máquinas em pequenos espaços onde se concentram, impressos no fundo branco, o seu nome, seus atributos e seus desenhos, esboços apropriados de patentes diversas e reativados para novas conexões visuais, propondo novos sistemas pré-funcionais.
Ocupando o espaço principal estão os objetos: montagem de peças que potencializam e materializam o discurso descrito no fundo branco.
Criaturas mecânicas que deixam espaço para a descrição servir de guia e para os desenhos respirarem, espaços vazios para serem percorridos pela incerteza e pela curiosidade.
Os objetos sempre nos conduzem a algum lugar. Assim se tornam menos relevantes do que os lugares para onde nos levam.
Rogério Negrão
2018
SOBRE O ARTISTA
Biografia Resumida
Nascido em 1962 em Tejupá (SP), Rogério Negrão atua desde 1989 em Joinville (SC) como designer de produtos na Aeroplano Design. A vivência internacional e a experiência de mais de 20 anos de projetos na Whirlpool Eletrodomésticos marcam a unidade conceitual e o rigor construtivo de sua poética. Desde 2006 produz videoarte, fotografia, instalações sonoras, videoinstalações, colagens digitais e objetos interativos, participando de 21 mostras coletivas e cinco exposições individuais, tendo a obra “Trilha” (2015) integrada ao acervo do Museu de Arte de Joinville.
A influência da cidade industrial é nítida ao aproximar arte, ciência e tecnologia, estabelecendo as primeiras experimentações em torno do objeto onde os vídeos “Mecânica Celeste” e “Partir” se sobressaem contrapondo a inofensividade da imagem à agressividade do som de máquinas em operação. Nestas obras, assim como nos trabalhos anteriores “Odisseia”, “Acaso” e “Bike”, deixa claro o seu interesse pela manipulação dos componentes ao revelar na precariedade da estrutura física da máquina o contraste vigoroso dos elementos intangíveis: o som, a narrativa, a linguagem poética, a grandeza oculta onde o brinquedo banal emula o cosmos, a pipa rudimentar é conduzida pela eloquência do discurso, a viagem monótona se converte na brutalidade da separação.
Em outro momento representativo de sua pesquisa, apresenta a exposição individual Agoras, onde o conceito de tempo orienta a construção de um sistema interligado de câmeras e projetores, movimentando um organismo de existência instantânea e fugaz. Com exceção de um vídeo pré-produzido, todo o sistema mecânico da instalação gera imagens momentâneas projetadas no espaço expositivo, agoras cíclicos de aparência repetitiva que não deixam resquícios da sua existência a não ser na memória do público visitante.
Na recente exposição Máquinas do Abismo, o artista propõe uma imersão nas representações pictóricas através de pesquisa feita em arquivos públicos de patentes de invenção dos séculos XIX e XX. Retirados de seu contexto de propriedade intelectual, esses projetos passam a compor colagens digitais misturados a outros desenhos descritivos na intenção de insinuar a construção de novas máquinas com funções sensoriais. A ausência do sentido de utilidade dá lugar à inquietação necessária para estimular o observador a fazer parte na construção inacabada. Os objetos materializados mantêm o necessário distanciamento da funcionalidade estanque, sendo máquinas sugestivas de funcionamento mais sinestésico do que prático.
Como designer, Negrão aprendeu a fazer máquinas. Como artista, aprendeu que somos máquinas de pensamento. A mente que pensa e concebe o mundo repete incessantemente um modelo de construção de significados sem se dar conta deste mecanismo. O que interessa à pesquisa artística é o processo que leva à concepção da máquina, o estímulo e a manifestação do pensamento criador.