🔹 Cidade Máquina
Subjetividades em Estado Industrial

A exposição Cidade Máquina propõe uma leitura visual e sensível das marcas que a industrialização deixou — e continua deixando — sobre o espaço urbano, os materiais e os corpos. A mostra reúne obras que traduzem, tensionam e ressignificam os códigos da vida fabril, da arquitetura funcional, da lógica da repetição e dos resíduos da modernidade.

Neste território em que a cidade se confunde com engrenagem, as obras expostas investigam não apenas o impacto físico da industrialização, mas também seus efeitos subjetivos: a mecanização do gesto, o automatismo da produção, o ritmo exaustivo imposto à criação e à existência. Pinturas, esculturas, instalações, objetos e vídeo-instalações se cruzam em um campo expandido de resistência e invenção estética.

O recorte curatorial dialoga com a noção de Industrial Art — aqui entendida não como um estilo, mas como um campo de tensões entre a arte e o maquinário urbano. Um campo em que o gesto artístico, por vezes, assume o mesmo rigor do desenho técnico, mas também se permite o desvio, a falha e o improviso como formas de crítica ao modelo produtivista.  

Inspirada pelas reflexões de Walter Benjamin, especialmente seu conceito de reprodutibilidade técnica, a mostra investiga como a arte é afetada e reformulada quando atravessada por processos industriais. Para Benjamin, a perda da “aura” da obra única abre espaço para novas formas de sensibilidade e crítica — e é nesse limiar que as obras da exposição operam: entre a padronização e o desvio, entre o molde e o erro, entre a máquina e o corpo.

Cidade Máquina também marca o lançamento do projeto Arte e a Cidade, que, ao longo de 2025, promoverá residências, oficinas, cinema e outras ações de formação. A Galeria 33 abre suas portas como um espaço dedicado ao pensamento, à experimentação e ao compartilhamento de práticas artísticas que refletem criticamente sobre a cidade, suas memórias e transformações.